“ Uma grande
emoção é por demais egoísta;
absorve em si própria todo o sangue do espírito, e
a congestão deixa as mãos
demasiado frias para escrever.
Três espécies de emoções
produzem grande poesia –
emoções fortes e profundas
ao serem lembradas muito tempo depois;
e emoções falsas, isto é,
emoções sentidas no intelecto.
Não a insinceridade, mas sim,
uma sinceridade traduzida,
é a base de toda a arte.”
Fernando Pessoa
Sandra Abafa * |
* trabalhos de Sandra Abafa poderão ser visualizado aqui
Assim inicia este projeto...
"Pensar nas emoções é pensar em nós próprios, é uma
viagem intrínseca ao pensamento que não se vê, ao pensamento que brota do mais
profundo modo de sentir, de ser e de agir.
Estruturar a personalidade é um processo rico,
dinâmico e repleto de emoções, no qual a infância passa despercebida. O que
importa é o que a criança sente e nunca como sente.
Questionar uma criança sobre o que sente implica
uma reação rápida e muito pouco esclarecedora, e muitas vezes um simples “não
sei” é entendido pelo adulto como resposta normal face à idade da criança. Como
educadora, questionei a razão desta pergunta.
Foi esse o impulso temático deste projeto, pela
prática, pelo público, pela nossa sociedade, acreditamos que deverá surgir no
Jardim de Infância a pergunta “como sentes?” em vez de “o que sentes?”. E é
acreditando na força única deste “como” que propomos esta viagem magnífica de
sensações que brotam da alma, de sonhos feitos de mil cores no qual o destino
será uma floresta encantada de sentimentos, habitada por dragões de incerteza
que abalam a estrutura da razão… É, sem dúvida, o que pretendemos na nossa
sala, na nossa realidade e atualidade, preparar as crianças para chamar e saber
o nome das emoções. “Não
poderia fazer parte do papel da escola aprendermos
todos juntos a chamar as nossas emoções
pelos nomes?” (FILLIOZAT)
Não é tarefa fácil! Será que sem sabermos o nome
das emoções, conseguimos gerir ou ensinar a geri-las?
São vários os autores nas
áreas de conhecimento da psicologia e educação que nos permitem ter a convicção
da importância das vivências afetivas no desenvolvimento das competências
cognitivas e como se inter-relacionam, citando Jean Piaget “a infância é o
tempo de maior criatividade na vida de um ser humano”.
Neste projeto de A Arte
da Emoção pensamos igualmente numa educação globalizadora, integrante que
potencia, valoriza e promove a capacidade de observação, sentido crítico,
transformação, exploração, vivência das Emoções (auto-expressão e hetero-expressão)
e desenvolvimento da criatividade das crianças, possibilitando-lhes diversidade
de experiências educativas e curiosidade em conhecer o mundo que as rodeia.
Escolhida a temática coletiva, o trabalho
pedagógico assenta em boas práticas educativas que promovem o desenvolvimento
da aquisição de valores, como a interajuda, a amizade, igualdade, autonomia,
felicidade, respeito e responsabilidade. Valores estes, que apresentados desde
cedo às crianças, promovem o seu desenvolvimento pessoal e social através de
experiências de vida democrática, onde prevalece a partilha, a aceitação e a
compreensão."
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