A
sucção é um reflexo do bebé desde o útero materno e pode ser observado através
de ecografias, que mostram alguns bebés chuchando o dedinho. Esse reflexo é
vital para o crescimento e desenvolvimento psíquico do bebé.
A
criança, especialmente em seu primeiro ano de vida, tem uma necessidade
fisiológica de sucção. Além da amamentação, que garante a sua sobrevivência, a
sucção também promove a liberação de endorfina, que produz um efeito de
modulação da dor, do humor e da ansiedade, provocando uma sensação de prazer e
bem-estar ao bebé.
A
amamentação é suficiente para satisfazer o desejo básico de sucção do bebé,
desde que ele mame exclusivamente na mama da mãe o ofereça sempre que o bebé
quiser. É importante enfatizar que a sucção do bebé ao mamar o leite materno é
completamente diferente do puxar de um biberon ou chupeta. Mamar na mama é
muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos da face,
dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma
adequada.
O
uso da chupeta vem sendo passado de geração a geração, constituindo-se num
frequente hábito cultural e, pelo seu preço reduzido, é bastante acessível a
toda população.
Como surgiram as chupetas?
A chupeta surgiu
da vontade de dar aos bebés alguma coisa que eles pudessem chuchar com
segurança - evoluiu a partir de mordedores que se usavam quando os dentes
estavam a nascer e de chocalhos com pontas arredondadas. Hoje o padrão é elas
terem um bico de silicone ou de látex, e uma parte de plástico ou de silicone
que fica do lado exterior da boca, além de uma espécie de alça. As chupetas de
látex são mais macias e flexíveis que as de silicone, mas não têm a mesma
durabilidade. Chupetas modernas são seguras - são fáceis de esterilizar e a
parte externa é projetada para que o bebé não engula o bico nem se engasgue.
Há chupetas ortodônticas, projetadas com um formato especial para não
prejudicar a formação dos dentes (leia sobre as desvantagens do uso
de chupetas abaixo para
saber mais sobre a influência da chupeta na dentição).
Vantagens do uso da chupeta
- Trata-se
de um calmante imediato do choro
- Alguns
estudos evidenciaram possível efeito protetor contra morte súbita, desde que
seja introduzida após a terceira semana de vida ou com a amamentação já
estabelecida e utilizada apenas durante o sono (recomendação oficial da
Academia Americana de Pediatria - AAP).
Reduz o risco de morte
súbita?
Alguns dados
sugerem que o uso da chupeta possa ter uma ação protetora contra a síndrome da
morte súbita do lactente, um fenómeno muito raro que leva os bebés à morte
durante o sono, sem explicação médica.
Um estudo publicado no British Medical Journal analisou o uso de chupetas por
vítimas da síndrome e concluiu que a presença da chupeta estava associada a um
risco menor, especialmente quando havia outros fatores de risco, como dormir de
bruços, dormir com muita roupa de cama ou dormir na mesma cama com uma mãe que
seja fumadora (mesmo que não fume no quarto). De acordo com o estudo, chuchar o
dedo também teve influência positiva. Os autores ressaltaram, porém, que os
dados ainda são preliminares e precisam de confirmação. Para eles, há duas explicações
possíveis para o efeito protetor. Uma é que a parte externa da chupeta ajude a
manter o nariz e a boca do bebé longe das cobertas, e outra é que o ato de chuchar,
melhore o controle das vias aéreas superiores. Outros especialistas acreditam
que bebés que usam chupeta têm mais a atenção dos pais durante a noite, porque
eles vão colocando a chupeta na boca da criança, e que essa atenção é que tenha
prevenido a síndrome.
Mas esses dados não são suficientes para justificar o uso da chupeta.
Desvantagens do uso da chupeta
- Deformação
dentária - o
uso prolongado de chupeta e o costume de chuchar no dedo podem causar
problemas no desenvolvimento dos dentes, principalmente se a criança ainda
tiver o hábito quando os dentes definitivos já estiverem a nascer. Esses
problemas costumam exigir o uso de aparelhos dentários.
- Prejuízo
à amamentação -
existem dados comprovados que mostram que mulheres que dão chupetas aos
bebés têm maior probabilidade de desmamar os filhos
mais cedo, do que mulheres
que não dão a chupeta.
- Otites - existe uma relação
comprovada entre o uso prolongado de chupeta e otites médias, ou seja, infeções de ouvido. Não se sabe
exatamente se a relação é de causa direta - pode ser que esteja
relacionada a outros fatores, mas é preciso levar a relação estatística em
conta. Acredita-se que o uso da chupeta aumente a propensão da migração de
infeções para a trompa de Eustáquio (a passagem oca que liga o ouvido
médio e a garganta). Para evitar esse tipo de problema, limite o uso da
chupeta à hora de dormir.
- Infeções
em geral - o
uso da chupeta já foi estatisticamente associado a um risco maior da
presença de sintomas como vómitos, febre, diarreia e cólica. A explicação não é clara, mas, para garantir,
esterilize-a com frequência e ande com uma limpa de reserva para o caso de,
a que a criança estiver usar, cair no chão.
- Problemas
da fala - o uso
da chupeta impede os bebés de emitir sons do tipo "gugu-dadá",
"agu", que são uma etapa importante do processo de aprender a
falar. Em crianças maiores, reprime a fala, inibindo o desenvolvimento da
linguagem, mantém a boca da criança numa posição pouco natural,
dificultando o desenvolvimento dos músculos, da língua e dos lábios,
explica a especialista norte-americana Patricia Hamaguchi, autora de um
livro sobre a fala ("Childhood, speech, language, and listening
problems: What every parent should know"). Esse tipo de problema é
amenizado se o uso da chupeta ficar limitado à hora do sono.

Há muita controvérsia em torno da relação causal entre a chupeta e o fim da
amamentação. Um dos argumentos é que talvez as mães recorram à chupeta
justamente porque estejam com problemas no aleitamento materno ou porque não queiram amamentar.
Segundo outra linha de raciocínio, o uso de bicos diferentes (mama e chupeta ou
biberão) pode causar confusão no bebé, dificultando a amamentação. Há também
quem argumente, com estudos comprovados, que, como o bebé chucha a chupeta e
não a mama, esta é menos estimulada causando a redução na produção de leite.
Seja qual for o motivo, o uso diário da chupeta está ligado à interrupção da
amamentação antes dos 3 meses de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e
o Ministério da Saúde recomendam que as mulheres dêem apenas a mama aos filhos
durante os primeiros seis meses, a chamada amamentação exclusiva, para que eles
recebam os enormes benefícios do leite materno.
Outro dado interessante é que muitas vezes bebés amamentados se recusam a pegar
a chupeta ou qualquer outro tipo de bico. Se isso acontecer com seu o filho,
não é necessário forçar. O biberão pode ser substituído por copo, colher ou
seringa.
Se optar por oferecer a chupeta...

- Use
chupetas adequadas para a idade do bebé (procure informações na
embalagem).
- Mantenha
as chupetas sempre limpas - esterilize-as com frequência, pelo menos nos
primeiros três meses do bebé.
- Troque
a chupeta se notar que ela está desgastada, furada ou pegajosa.
- Nunca
mergulhe a chupeta em alimentos doces, para fazer o bebé parar de chorar.
Esse costume pode provocar cáries. O Aero Om, líquido rosa muito usado
para acalmar os bebés, também é doce. Converse sempre com o pediatra antes
de usá-lo.
- Limite
o uso da chupeta ao estritamente necessário, como a hora de dormir. O uso
prolongado de chupetas está relacionado à ocorrência de otites médias e outros problemas (consulte o item Desvantagens acima).
- Espere
que o bebé “peça” a chupeta, em vez de colocá-la na boca dele
automaticamente.
- Tente
tirar o hábito de chuchar chupeta o quanto antes, e esforce-se ao máximo
para que o costume já tenha sido abandonado de vez quando os dentes definitivos
estiverem para nascer (por volta dos 6 anos). O mais comum é os pais
começarem a pensar em tirar a chupeta por volta dos 2 anos, mas você pode
fazer isso mais cedo, até antes de 1 ano. A necessidade de sucção é muito
maior nos primeiros meses, depois os interesses do bebé voltam-se para
outros sentidos e vale a pena aproveitar a deixa para acabar com o hábito.
- Não
deixe que o uso da chupeta se torne um vício para o bebé, especialmente
durante o dia. Você controla a chupeta, não ele. Não a deixe à disposição e evite usar
cordinhas para prender a chupeta à roupa. Não é demais repetir: limite o
uso para quando ele for absolutamente necessário.
Dicas para deixar a chupeta
O seu filho
está sempre ou quase sempre de chupeta na boca? Você acha que ele já está grandinho
para a chupeta? Experimente essas ideias para acabar com o hábito:
- Vá
diminuindo aos poucos os períodos em que permite o uso da chupeta.
- Restrinja
a chupeta a momentos críticos do dia, como a hora de dormir ou quando seu
filho está doente. Seja firme.
- Reforce
a ideia de que crianças mais velhas não usam chupeta - elas adoram se
sentir mais crescidas.
- Incentive
a criança a dar todas as chupetas a alguém, como o Pai Natal,
e menino Jesus ou o coelhinho da Páscoa, e depois de dar, não volte atrás.
Se não houver nenhuma data apropriada próxima, pode inventar a "fada
da chupeta", que deixa um presentinho em troca.
- Converse
com outros pais para saber que estratégias eles usaram. Há quem faça, por
exemplo, um furinho na chupeta, prejudicando a sucção, e diga ao filho que
a chupeta se estragou.
- Identifique
os sinais de que seu filho está pronto para largar a chupeta e aproveite o
momento. Durante uma constipação, é comum que a criança rejeite a chupeta,
pois precisa respirar pela boca por causa do nariz entupido. Se isso
acontecer, tire as chupetas de vista e espere. Quando seu filho pedir a
chupeta, não dê imediatamente. Pode ser que ele largue o hábito
naturalmente.
- Invista
na rotina da hora de dormir: anuncie uma mudança (um bichinho novo, a
mudança do berço para a cama, um novo hábito, de ouvir música ou contar
histórias de um livro, por exemplo), e explique que na nova rotina - de
criança grande - não há espaço para a chupeta. O entusiasmo com a novidade
pode ajudar.
- Para
ajudá-lo, fique de olho e, quando ele quiser a chupeta, providencie algo
para substituí-la. Se ele usa a chupeta quando está aborrecido, ofereça
alguma atividade mais interessante, como um livro para folhear, ou faça
caretas engraçadas para distraí-lo.
- Se tende
a colocar a chupeta na boca quando está preocupado ou a sentir-se inseguro,
ajude-o a explicar o que está a sentir. Faça perguntas para descobrir o
que está a acontecer e conforte-a de outra forma - com beijos e abraços,
por exemplo.
- Para
encorajar o seu filho, elogie quando ele conseguir ficar sem a chupeta.
Você também pode controlar o uso, e deixar que ele a use só à noite ou na
hora de dormir. Esforce-se para não oferecer a chupeta, se ele não pedir,
não dê, mesmo que ele esteja acostumado a dormir com ela.
- Experimente
usar um calendário para anotar os dias em que o seu filho não usou a
chupeta. Cada um destes dias, marque com um adesivo colorido ou como uma
estrelinha dourada. Quando ele completar uma semana sem chupeta, dê-lhe um
prémio, como um passeio, uma brincadeira a dois ou presentinhos simples, não
dê doces, bebidas ou comidas pouco saudáveis.
Mas até o seu filho
deixar definitivamente a chupeta,
seja paciente.