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terça-feira, 3 de abril de 2018

Ups... quem faltou ao respeito primeiro?



Vi um vídeo de origem italiana, onde se podem ver agressões a crianças, numa instituição, por parte dos profissionais (provavelmente educadores e auxiliares).




Por norma, surgem sempre contestações a este tipo de situações, muita gente comenta, agride verbalmente o agressor, diz que fazia isso ou aquilo, mata, esfola, manda para a prisão, chegam a dizer que tal profissional não pode mais exercer e etc e tal.
Quando são os pais a conversa é outra. Se é uma palmada, mesmo que mais forte é educação, é porque a criança fez algo que não devia ter feito. Só se existirem marcas fortes visíveis é que os progenitores são agressores.

Duas medidas para uma só ação... 


Falando dos profissionais que todos os dias têm a responsabilidade de um grupo de crianças, pergunto:

Quando se entra para um curso de educação será porque motivo?
Que valores levam esses futuros profissionais?
Que experiências trazem de trás?
O que motivo estes adultos para seguirem esta área?
Depois de concluída a formação como equilibram a teoria e a prática?
Como avaliam?
Como se auto avaliam?
Que valores passam?
Que experiências permitem serem vividas?
Que motivação transmitem? ...

Como profissional de educação e mãe, preocupam-me as respostas para estas questões.

Infelizmente já vi colegas a terem posturas semelhantes ou piores do que se vêm no dito vídeo. O que fiz? Denunciei. Se me arrependi? Não, apesar de ter sofrido consequências por ter sido justa e não conivente.


Colocam-se várias questões sobre este problema mas comecemos por uma que continua a fazer-me pensar, em que espécie se está a tornar o Ser Humano, e que poucas vezes se fala:

E os adultos que assistem e nada fazem, por simples conivência, indiferença ou medo...


Ok! Passemos a um cenário!

Vejo um educador/professor a bater numa criança e finjo que não vejo.
Se eu for auxiliar tenho receio que não acreditem em mim, afinal é a palavra do educador/professor contra a minha e ainda posso ficar mal vista perante as chefias.
Se eu for educador/professor penso que não tenho que me intrometer na prática do colega , temos a mesma formação e ele conhece o seu grupo melhor que ninguém, aliás se o fez é porque a criança em causa deve ser terrível.
Já nem penso mais nisso e termino o meu dia de trabalho. Vou para casa. Trato do jantar, dos filhos, banhos, deitar, orientar o dia seguinte até que chega o momento em que me deito. 
Agora o que acontece?




Fecho os olhos e durmo tranquilamente? ou...


Fecho os olhos e continuo a ver a criança que foi agredida, a chamar pela mãe ou pelo pai, a chorar, indefesa, com medo e sabendo que no dia seguinte quando tiver de ir para a escola irá contra vontade porque não quer que lhe aconteça o mesmo ou não quer ver a acontecer a outro amiguinho da sala?
Como durmo?
Como acordo?
O que vi nos meus sonhos? Águas agitadas, penumbras, sombras, medos, conflitos, poucas cores, culpabilizações, , confusão...??? Ou pelo contrário vi sol, cores fortes, sorrisos, harmonia, amigos, família...???

Ficam as perguntas. Mas ainda deixo mais uma. O que faz uma pessoa achar que tem o direito de bater em alguém, seja ele animal, criança, velho, marido, mulher, pai/mãe, filho...?????


Bater é covardia, numa criança mais ainda. É coação. O adulto é maior, mais forte e ainda tem a autoridade de ser pai/mãe/cuidador/professor. A criança não pode reclamar, gritar, fugir, pedir ajuda, defender-se, bater de volta... Pelo contrário, se o fizer ainda "leva mais" porque faltou ao respeito.


Ups... 
quem faltou ao respeito primeiro?


Ser agredido diminui a auto estima e confiança de qualquer um, 
é cruel, é degradante.





O exemplo tem que vir do adulto, seja ele pai/ mãe ou educador/professor. Não se pode pedir a uma criança que peça desculpa ao irmão ou amigos, que converse sobre a sua postura, que não bata quando quer um brinquedo, que não grite quando se quer fazer ouvido, quando no fundo é sempre isso que ela vê no adulto. Que bate quando faz algo mal, que grita quando não tem paciência e ofende e humilha quando não sabe o que fazer.


É mais do que sabido que existem estudos que comprovam que a criança  entendem e seguem mais facilmente os exemplos do que o "blá blá blá" dos adultos.


Já perguntou a uma criança porque não faz determinada coisa? Eu já! E ouvi como resposta "porque depois me batem". Não é porque é errado, porque já lhe disseram que seria melhor não o fazer, porque aleija alguém ou qualquer outro motivo mas sim porque é penalizado fisicamente.

A coisa certa pelo motivo errado?

Esta criança não aprendeu nada. O adulto quis educar mas usou a pior estratégia.

Isto faz pensar mais além. 
Esta criança vai crescer, certo? 
Quando for grande demais para a palmada qual será a outra forma de coação ❔❔❔❔❔