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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Adaptações em creche

Voltamos novamente às adaptações. Muito se fala sobre esta temática, muito se escreve, debate, argumenta mas resumindo ao essencial trata-se de respeitar o ritmo da criança e mostrar-lhe que naquele espaço e com aquelas pessoas também está segura.



"Preparação e parceria com a família são fundamentais para assegurar uma adaptação tranquila aos bebés que vão à escola pela primeira vez"



É normal que exista uma preocupação dos Pais em relação à iniciação dos seus filhos na creche, existem sempre dúvidas e receios tais como:
  • Será que o meu filho vai ficar bem?
  • Será que lhe darão a devida atenção?
  • Será? Será?
Estas dúvidas persistem sobretudo nos primeiros dias de creche, são por isso dúvidas e inquietações normais. Afinal, vão deixar os vosso filhos, os vossos bens preciosos a pessoas que lhes são estranhas.

No entanto e sem se aperceberem são os pais que transmitem a ansiedade e a angústia para as crianças.

Crianças inseguras, pais angustiados e sofrimento diante da separação iminente. Este não precisa ser o retrato do início dos pequenos na creche. É possível diminuir o desconforto e proporcionar uma adaptação tranquila e saudável para os bebés e sua família. A fase de acolhimento na Educação de Infância é diferente para cada faixa etária e requer atenção redobrada com bebés até aos 2 anos. Afinal, quase tudo é novidade para eles: a convivência com outras crianças e adultos (além do círculo mais próximo), pinturas, jogos, rotinas...
O primeiro passo é conhecer bem a criança. Entender os seus hábittos e medos ajuda a elaborar a planificação. "Quando percebem que o educador sabe coisas que as fazem se sentir bem, elas ficam mais calmas", diz Rosa Virgínia Pantoni, mestre em Psicologia e coordenadora de assistência social da Creche Carochinha, ligada à Universidade de São Paulo (USP).

Marry Cassat
A adaptação feita gradualmente ajuda a criança a ir moldando-se às rotinas e ao que a rodeia na creche, sem que seja de uma forma brusca e repentina, fará com que a ansiedade vá diminuindo.
É claro que esta adaptação também tem de ser feita pelos pais, pois é mais fácil a criança habituar-se à ausência parental, do que os pais à ausência dos filhos!
É importante que haja da parte dos pais uma transmissão de segurança e conforto quando deixa os filhos na creche, mesmo que as crianças implorem ou façam birras. Os pais não devem ceder, e devem ter uma postura firme, mostrando-lhes e dizendo-lhes com todo amor e carinho que precisam de ir trabalhar. Ao longo do tempo a criança vai perceber que esta é uma rotina diária, que os pais a deixam na creche e que ao final do dia a vão buscar. É esta rotina que faz com que a criança se sinta segura e que vá conseguindo estabelecer um elo de ligação com a escola.
Nesta altura a criança deixa de fazer as birras e já consegue suportar a ausência dos pais.

Não nos podemos esquecer que como adultos devemos dar o exemplo, mostrando às crianças o que é benéfico para elas, colocando de lado os nossos medos e angústias.



O choro nos momentos iniciais da separação é normal e deve passar logo, à medida que a criança percebe que é acolhida e compreendida. Caso persista, isso pode ser sinal de insegurança. Outras manifestações de desconforto são o sono constante, a apatia e a recusa em comer. Reuniões e estudos periódicos permitem aprofundar o conhecimento a respeito do universo infantil e agir nesses casos. .



NOTA PARA OS PAIS

Processo de acolhimento 
das crianças e das famílias 
(2-3 anos)
Objetivos
- Envolver as famílias que chegam à escola pela primeira vez num clima de acolhimento, segurança, cuidado e afeto.
- Incluir as crianças na construção do espaço e do tempo da escola (rotina)
- Acolher as singularidades de cada criança e incluí-las no desenvolvimento das situações planeadas.
      
Conteúdos
- Inclusão das famílias no processo de adaptação
- Envolvimento das crianças na construção da rotina
- Respeito e valorização das singularidades das criança


A criança chora, esperneia, fica triste, agressiva, não come, afasta-se para um canto, são tudo reacções a este abandono repentino com o qual têm dificuldade em lidar. Cabe aos adultos que lidam com as crianças estar atentos aos sinais, ver como evoluem e perceber se ao fim de algum tempo a criança conseguiu integrar-se no espaço e estar feliz. Aos pais cabe indagar sobre isso mesmo, como está a criança a fazer a sua adaptação, se está a correr bem e o que podem fazer para facilitar.
Não se enganem: não é só a partir do básico que é importante saber qual é a evolução da criança. É, agora, na creche, no jardim-de-infância, a partir do momento em que lá entraram. Porque é a partir dessa altura que iniciaram um processo de desenvolvimento crucial nas suas pequenas vidas, das quais os pais têm de ter conhecimento. É uma fase crítica e muito importante.


O que fazer para ajudar na integração do seu filho 
na creche/jardim de infância?

"É importante que lhe dê a conhecer o espaço onde vai passar a estar no dia-a-dia, nomeadamente a sala, espaço refeições, casas de banho, recreio e outros locais vai utilizar. Falar com a educadora na presença dele. Quando chegar a casa pode falar com o seu filho, de forma entusiástica, dos bonitos espaços que viu, onde vai aprender e onde vai brincar.

É importante referir sempre o facto de ir ter tantos meninos e meninas com quem vai brincar, como vai pintar, fazer jogos, apelando especialmente às  coisas de que ele gosta.

No primeiro dia é importante que passe algum tempo com o seu filho, que não vá a correr deixá-lo à porta do infantário. Faça as coisas com alguma calma na primeira semana, apesar de a vida nem sempre permitir, será bom que faça o esforço.

Estacione o carro, e vá com ele até à sala, fale com a educadora, com outros pais que ali possam estar. Faço-o sentir que aquele espaço é dele, mas que está lá para o apoiar. Se puder não o deixe fazer o horário completo. Vá buscá-lo antes do fim do dia e pergunte-lhe o que fez. Essa partilha vai permitir-lhe sentir-se mais confiante.

Mas não seja demasiado protector, não é isso que se pretende. A criança tem que ir conquistando a sua autonomia e confiança. Ajude-a a ultrapassar os problemas, mas não lhos retire do caminho."
Zélia Parijs, psicóloga



Considerações finais

«Há crianças que são muito curiosas e gostam de explorar coisas novas, mas quando o espaço deixa de ser novidade e percebem que estão ‘sozinhas’, no meio de outras crianças e de adultos que não os pais, mostram-se desconfortáveis», refere Sofia Silvério, psicóloga do Núcleo de Psicologia do Estoril. E acrescenta: «Em alguns casos, a criança parece adaptada ao local e aos colegas, mostra-se interessada e participativa nas actividades, mas, de repente, muda o seu comportamento, isolando-se, chorando quando vê os pais e recusando participar nas tarefas». Quando esta atitude é adoptada pela criança, a psicóloga não tem dúvidas em dizer aos pais para não se deixarem enganar, já que, «na maioria das vezes, é apenas uma tentativa da criança ‘tentar a sua sorte’ e voltar para casa, para junto do conforto dos pais».

 

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