Um espaço dedicado à primeira infância e tudo o que a envolve. O meu cantinho onde mostro que adoro as crianças e tudo o que as possa fazer felizes; por isso acredito que neste mundo cinzento temos de pegar nas cores do arco-íris, juntar-lhe um sorriso e vermos como a vida pode ser bonita.
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quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Dedicada ao Sr. Outono
A História da Maria Castanha O céu estava cinzento e quase nunca aparecia o sol, mas enquanto não chovia os meninos iam brincar para o jardim.
Um jardim muito grande e bonito, com uma grade pintada de verde toda em
volta, de modo que não havia perigo de os automóveis entrarem e
atropelaremos meninos que corriam e brincavam à vontade, de muitas
maneiras: uns andavam nos baloiços e nos escorregas, outros deitavam pão
aos patos do lago, outros metiam os pés por entre as folhas secas e
faziam-nas estalar – crac,crac – debaixo das botas, outros corriam de
braços abertos atrás dos pombos, que se levantavam e fugiam, também de
asas abertas.
Era bom ir ao jardim. E mesmo sem haver sol, os
meninos sentiam os pés quentinhos e ficavam com as bochechas encarnadas
de tanto correr e saltar.
Uma vez apareceu no jardim uma menina
diferente: não tinha bochechas encarnadas, mas uma carinha redonda,
castanha, com dois grandes olhos escuros e brilhantes.
- Como te chamas? – perguntaram-lhe. - Maria. Às vezes chamam-me Maria Castanha . - Que engraçado, Maria Castanha! Queres brincar? - Quero.
Foram brincar ao jogo do apanhar. A Maria Castanha corria mais do que todos.
- Quem me apanha? Ninguém me apanha! - Ninguém apanha a Maria Castanha!
Ela corria tanto. Corria tanto que nem viu o carrinho do vendedor de
castanhas que estava à porta do jardim, e foi de encontro a ele.
Pimba! O saco das castanhas caiu e espalhou-as todas à reboleta pelo chão.
A Maria Castanha caiu também e ficou sentada no meio das castanhas.
- Ah. Minha atrevida! – gritou o vendedor de castanhas todo zangado. - Foi sem querer – explicaram os outros meninos. - Eu ajudo a apanhar tudo – disse Maria Castanha, de joelhos a apanhar as castanhas caídas.
E os outros ajudaram também. Pronto. Ficaram as castanhas apanhadas num instante.
- onde estão os teus pais? – perguntou o vendedor de castanhas à Maria Castanha. - Foram à procura de emprego. - E tu? - Vinha à procura de amigos. - Já encontraste: nós somos teus amigos – disseram os meninos. - Eu também sou – disse o vendedor de castanhas.
E pôs as mãos nos cabelos da Maria Castanha, que eram frisados e fofinhos como a lã dos carneirinhos novos. Depois, disse:
- Quando os amigos se encontram é costume fazer uma festa. Vamos fazer uma festa de castanhas. Gostam de castanhas? - Gostamos! Gostamos! – gritaram os meninos. - Não sei. Nunca comi castanhas, na minha terra não há – disse Maria Castanha. - Pois vais saber como é bom.
E o vendedor deitou castanhas e sal dentro do assador e pô-lo em cima do lume. Dali a pouco as castanhas estalavam… Tau! Tau!
- Ai, são tiros? – assustou-se a Maria Castanha, porque vinha de uma terra onde havia guerra. - Não tenhas medo. São castanhas a estalar com o calor.
Do assador subiu um fumozinho azul-claro a cheirar bem. E azuis eram
agora as castanhas assadas e muito quentes que o vendedor deu à Maria
Castanha e aos seus amigos.
- É bom é – ria-se Maria Castanha a trincar as castanhas assadas. - Se me queres ajudar podes comer castanhas todos os dias. Sabes fazer cartuchos de papel?
A Maria Castanha não sabia mas aprendeu. É ela quem enrola o papel de
jornal para fazer os cartuchinhos onde o vendedor mete as castanhas que
vende aos fregueses à porta do jardim. Autor: Maria Isabel Mendonça Soares,” Contos no Jardim”.
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